VIDA & FLORES
VIDA & FLORES
COLEÇÃO: COM MEUS BOTÕES
Hoje pela manhã avivou-se em meu pensamento uma lembrança do último outono, onde aprendi mais uma sábia lição, que vale a pena recordar:
Ainda de longe, quando se embica para os lados da Barra Funda, nesse mês de agosto, logo após o Clube Atlético, avista-se lá em cima, próximo ao cemitério, na Avenida Santo Antonio, o amarelo de um ipê magnificamente florido. Todos os dias a sua beleza exuberante me chama a atenção, e em certa tarde ao chegar em casa, peguei a máquina digital e convidei o meu Botão:
___Vamos Marechal, que hoje quero fotografar aquela belezura, que todo dia avisto ali da curva, quando venho para casa!
O Velho Botão, demonstrando muita alegria, foi logo pulando na beira do bolso da minha camisa, concordando imediatamente:
___Fotografar algo belo da natureza nos dá grande alegria e faz bem a alma e ao coração---exclamou.
Em poucos minutos chegamos bem perto do ipê, carregado de flor, que forrava de amarelo todo o chão ao seu redor, sobre o canteiro e a avenida pavimentada com lajota.
___Repare bem, como a natureza não tem vaidade --- filosofou meu Botão ---depois de ostentar por alguns poucos dias toda a sua exuberante beleza, as pétalas humildes não se recusam a cair ao chão, onde irão secar e morrer.
Ouvindo a filosofia do Botão, e após ter reparado no grande volume de folhas no chão, algumas secas e outras pisoteadas, eu me preparava no meio da rua para tirar mais uma foto no “capricho”, quando apontou um cortejo fúnebre subindo lentamente, em frente a escola “Pereira Inácio’.
___ Veja Botão, um enterro! – exclamei, apontando para baixo e tirando o boné da cabeça.
Marechal ficou observando o enterro que se aproximava e depois que passou o último carro, voltou-se para o Ipê florido e arrematou:
___Na exuberância e beleza de suas flores, que duram pouco e logo desfalecem ao cair por terra, esse Ipê consola os passantes do cortejo fúnebre ao lembrar-lhes que, a semelhança de suas flores, essa vida, com todo o seu encanto, apesar de muito bela, é efêmera e passageira.
O Dreamer
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