AGENOR: O DESCANSO DO GUERREIRO-CRÔNICA
O Descanso do Guerreiro...
“Capitão”, era assim que o Agenor de Oliveira, que nos deixou na última quarta-feira, chamava o padre. “Pois não capitão, as suas ordens capitão, o senhor é que manda capitão” eram essas suas palavras que sempre dirigia aos sacerdotes que passaram por Votorantim, e que estavam á frente da nossa Igreja Católica. Porém, longe de ser uma ironia, como parecia, era ao contrário, um grande respeito. A palavra de um sacerdote era sagrada para o Sêo Agenor. Por um longo tempo, no exercício do ministério leigo, tive-o como companheiro de missão e um dia, intrigado pelo tratamento que dava aos padres, eu e um outro companheiro o questionamos. E o já saudoso Agenor nos afirmou que, o padre é a pessoa de Cristo, e nada mais justo que ele comande a nossa vida, dando-nos a orientação necessária para sermos bons cristãos. Pessoa muito querida, operário da antiga Fábrica de Cimento, esposo dedicado, pai amoroso com os filhos, membro ativo da extinta comunidade Santa Helena, no Bairro do mesmo nome onde os moradores formavam uma grande família. Agenor era o “rezador de terço”, um Congregado Mariano que amava a Virgem Maria, o homem de Deus que zelava com amor e muita seriedade pelas coisas da Igreja, e com o tempo, seu zelo chamou a atenção dos padres e ele foi convidado para ser um Ministro Leigo, celebrando a Palavra, levando a comunhão aos enfermos, fazendo Exéquias, levando sempre uma palavra de Consolo aos que haviam perdido seus entes queridos. Consciente das suas limitações, sempre buscava aprimorar seu conhecimento sobre as coisas de Deus, dedicava-se aos estudos, as palestras de formação, na comunidade e na Congregação Mariana, ouvindo grandes mestres que por aqui passaram. Nos seus últimos anos, dedicou-se a Comunidade Bom Jesus – Parque Bela Vista onde chegou a fazer de tudo, onde havia necessidade de algum serviço pastoral, lá estava o Agenor, batendo sua “continência” e dizendo ao padre que o convidava “Sempre as ordens, meu capitão”. Padre Tadeu, que também marcou a história da Igreja em Votorantim, e que esteve no velório durante as Exéquias, presidida pelo Diácono Wilson, da São João, disse em breves palavras, que o Senhor Agenor era tão querido que as vezes o preferiam ao padre, nas Exéquias com os familiares, porque ele “Fazia bonito e suas palavras fortaleciam e consolavam os familiares enlutados”! “Sua Fé era muito grande” – concluiu Padre Tadeu.
Enfim, Agenor de Oliveira, aos oitenta e nove anos, depois de servir com fidelidade, amor e alegria, a Igreja peregrina aqui da terra, encerrou a sua missão, após ter combatido o bom combate e guardado a sua Fé, como o maior de todos os tesouros que Deus lhe concedeu, e foi viver na Igreja celestial. No meu imaginário o vejo apresentando-se diante de Jesus, o comandante supremo da sua vida, e batendo continência com firmeza, dizendo “Missão cumprida meu capitão!” E Jesus o acolhendo dando-lhe a ordem tão sonhada “Descansar!”. Chegou a hora do descanso para esse valente soldado de Cristo. Para nós ficou a saudades, o exemplo e o testemunho de vida e o legado de Fé. Obrigado Agenor...Descanse em Paz! {Diácono José das Cruz}
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