VALENTE SOLDADO
VALENTE SOLDADO
(Da coleção Com meus botões")
___Veja meu Botão, quem vai ali! É o Reniéri, PM aposentado, que até hoje mantém a mesma valentia e firmeza, daquele soldado dos anos 60, que trabalhava na pequena cadeia do saudoso Jardim Bolacha, e com seu jeito de soldado alemão, daqueles brabos, metia medo em todos nós, moleques que fazíamos nossas traquinagens.
O Velho Botão bateu os olhos no homem que caminhava lentamente, mas muito firme, empurrando um velho carrinho carregado com coisas que ele considera úteis, e comentou em sua profunda filosofia:
___Eis aí um homem, que apesar de ser de linha dura, não consegue esconder nesses olhos azuis, toda a bondade que traz em seu coração!
___Ah, isso é verdade! --- exclamei, lembrando-me de uma história que meu pai contava...de que em certa ocasião, em uma gelada manhã de inverno, dos anos 60, ao chegar na pequena delegacia o Delegado foi surpreendido naquela manhã, ao flagrar um preso, detido por bebedeira, dormindo tranquilamente em uma cama do alojamento, enrolado em um cobertor.
O soldado Reniéri acordou assustado, praguejando contra o relógio despertador que não funcionara, possibilitando o flagra do “Doutor”. “Mas o que é que está acontecendo aqui?” Perguntou o Delegado, com seu vozeirão indignado, assustando ainda mais o soldado Reniéri, plantonista daquela noite.
“Olha Doutor, perdoe-me, mas é que me senti incomodado, por estar dormindo aqui no quentinho da cama, enquanto esse pobre diabo não parava de tremer nessa cela fria, foi uma noite braba dotor, até gear geou, e então fiquei com dó e chamei ele pra vir dormir aí nessa cama” – explicou o soldado.
E pouco depois, enquanto trancava novamente o preso no Xadrez número 1, o soldado Reniéri deu uma “piscada” dizendo “De noitão você volta pra cama quentinha, o Dotor é bão, e não há de ficar bravo”.
Findo a narrativa o Velho Botão sorriu todo satisfeito, encerrando a nossa conversa, enquanto o Reniéri dobrava a esquina:
___Não falei? A Bondade torna as pessoas sábias, Reniéri não anda por aí sem rumo, meio perdido, como alguns podem pensar, pois enquanto caminha, ele mantém sempre ocupada a mente, o corpo e o coração, onde nutre esse devotado amor, aos familiares e ao próximo. Vida longa ao valente soldado Reniéri!
O Dreamer
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