PADRES: OS VERMELHINHOS E OS AMARELINHOS
“Os padres vermelhinhos e os amarelinhos...”
A repercussão do episódio ocorrido recentemente em uma sessão da câmara, envolvendo o padre Diego, e a vereadora Lu Ferrari, me fez olhar para a História da Igreja, que é filha do seu tempo, influenciando e se deixando influenciar pela História. No final dos anos setenta e meados dos anos 80, surgia no cenário nacional o Lulismo, que daria origem ao Petismo, representado pelo PT, partido político fundado em 10 de fevereiro de 1980, nascido dentro da Igreja, tendo nas CEBes o seu fundamento, apoiado por religiosos, intelectuais, líderes sindicais e de movimentos sociais.
Revestido do manto religioso da Teologia da Libertação, doutrina divulgada por Teólogos marxistas como Gustavo Gutiérrez, Leonardo Boff, Juan Luis Segundo, Hugo Assmann, Jon Sobrino, e Frei Betto, entre outros, que influenciados pela realidade social e política da América Latina, buscavam uma interpretação do Evangelho que priorizasse a libertação dos pobres e oprimidos, o alvo do PT, a ser destruído eram, a ditadura militar, e o Capitalismo selvagem, por isso, a pessoa de Lula caiu como uma luva para ser o salvador da Pátria, o messias libertador, que todos esperavam, e desta forma cresceu com velocidade a ideia de colocá-lo no poder. Essa sonhada ascensão aconteceu em 27 de outubro de 2002, quando o ex metalúrgico elegeu-se Presidente da República com 53 milhões de votos. Enquanto isso, na Igreja foi surgindo um novo clericalismo, desenraizado da Tradição, beirando uma rebeldia ao magistério. Gritos de guerra ecoavam em músicas, ditas pastorais, como “Povo Unido, jamais será vencido”, ou a clássica afirmativa “Vox Populi Vox Dei”, a Voz do Povo é a Voz de Deus! Ou então uma que nos obrigava a tomar um posicionamento “Hei, você, de que lado está você...” Simplicidade passou a ser a marca característica desse clero favorável a nova Ideologia, que a cada dia ganhava mais força e adeptos na Igreja, conquistando até mesmo Bispos, que a defendiam, deixando de ostentar um Glamour nas vestes luxuosas, porque eram um insulto, contra aqueles que nem tinham uma roupa melhor para participarem das celebrações. Os sacerdotes que defendiam o Lulismo e o PT, com sermões inflamados, e firmando-se como contestadores, até mesmo das autoridades da Igreja, começaram a ser chamados de maneira pejorativa de “Padres Vermelhinhos”, que se opunham aos ditos Conservadores. A Globo, que detinha o monopólio da Comunicação, colaborava com essa ideologia, que era vendida ao povo nas novelas. Quem não se lembra da novela “Roque Santeiro”, onde o autor da trama retratou bem, o momento em que vivia o clero, de um lado o Padre Hipólito, considerado conservador e retrógado, que combatia a farsa do mito Roque Santeiro, e de outro, Padre Albano, pároco de “Vila Miséria”, de uma igreja que era um barracão, taxado pelos poderosos de “Padre Vermelho”, por conta das suas posições anárquicas. O que aí se notava, de maneira muito clara, era o início de um combate contra o Sagrado, obstáculo gigante, que a nova ideologia de cunho marxista, teria que destruir, se quisesse impor o seu domínio, começando pela Igreja, e depois, com o aval desta, expandir-se por toda a nação, como no Absolutismo, onde a Igreja legitimava o poder do rei ou do Imperador.
Entretanto, a estratégia dos progressistas, encontrou resistência em Movimentos como a RCC Renovação Carismática Católica, que nos anos oitenta já amealhava muitos adeptos, e foi se robustecendo porque resgatou o Sagrado, com algumas práticas, como a devoção ao Santíssimo Sacramento, que haviam se esvaziado, em virtude de uma má interpretação das mudanças do Vaticano II, e assim, os fiéis das antigas irmandades, os devotos dos Santos e da Virgem Maria, os devotos do Santíssimo Sacramento, encontraram na RCC um abrigo seguro, para manter sua prática religiosa e viverem a sua Fé.
A verdade é que, o Sagrado era e ainda é, a pedra no sapato dos progressistas, que aderiam ao pensamento marxista, de que, “A religião é o ópio do povo”. Por conta disso, certa vez escutamos atônitos, um sacerdote nos dizer que, “Não era necessário ajoelhar-se no momento da consagração, pois em suas mãos havia apenas uma Hóstia!”. A profanação de Sacrários, nos templos católicos, a destruição de imagens sacras, acaba evidenciando essa triste realidade. Quem combate o Sagrado, combate o próprio Deus, e há uma narrativa bíblica em Gênesis 32, onde Jacó lutou com Deus e saiu com a coxa ferida, mostrando que, quem enfrenta Deus, nunca sai ileso.
Em 2018, o deputado Jair Messias Bolsonaro, saiu do anonimato projetando-se nacionalmente com o seu slogan “Brasil acima de tudo, e Deus acima de todos”, que resgatava o Sagrado, combatido pelos progressistas. Por isso, da mesma forma que multidões aderiram ao Lulismo, nos anos 80, projetando nele um suposto messianismo, fez-se o mesmo com Bolsonaro, que já tinha messias até no nome, entretanto, para o Lulismo, agora já não valia mais a expressão, tão usada na busca do poder, de que “A voz do povo é a voz de Deus”. E de lá para cá, cristãos de várias denominações, passaram a apoiar Bolsonaro, por essa mesma razão. Porém, a partir desta reflexão, temos que admitir, não é Direita contra Esquerda, nem Lula contra Bolsonaro, mas é o Sagrado contra o Profano, o Bem contra o Mal, Deus contra o Diabo, é essa a visão religiosa, aceitem ou não, nessa polarização, que se iniciou em 2018 e que, pelo visto, ainda vai longe. E Bispos e padres, que defendem ardorosamente o Sagrado, e com ele os ensinamentos da Santa Igreja e os valores do evangelho, sempre ameaçados pela ideologia marxista, são hoje os “Amarelinhos”, que incomodam os progressistas, em um cenário onde, embora os defensores dessa Ideologia ocupem o poder, os seus adeptos tendem cada vez mais a serem a minoria. Quanto ao Sagrado, ele não depende de nenhuma ideologia do mundo. Os dois mil e vinte cinco anos da presença da Igreja na História, sempre vitoriosa nos confrontos com os poderes do mundo, comprovam, de maneira incontestável, que Deus, é imbatível! Quem pensar o contrário, está terrivelmente enganado... (Diácono José da Cruz – Bacharel em Teologia)
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